NinaNews #003: Comportamento humano e UI/UX Design
🧠 A interseção entre psicologia e experiência do usuário
Você não constrói nada sozinho. Você descobre o que as pessoas querem e constrói para elas. -Walt Disney
O que nos torna humanos? O que nos diferencia dos outros animais e das inteligências artificiais? Nosso domínio obviamente não é resultado de nossa habilidade física, pois outros animais são mais fortes e rápidos e têm sentidos mais aguçados. É por causa das nossas capacidades mentais. Elas que nos permitiram domar o fogo e inventar a roda.
Nossas mentes geraram civilizações e tecnologias que mudaram a face da Terra e a nossa relação com o nosso redor. E quando falamos de comportamento humano, a área de UX Design tem muito a se beneficiar ao se combinar com a psicologia porque UX é sobre pessoas.
Por que precisamos saber sobre a mente humana? Como as coisas são projetadas para serem usadas por pessoas, e sem uma compreensão profunda das pessoas, os designs tendem a ser defeituosos, difíceis de usar, difíceis de entender. - Don Norman, livro “Design do dia a dia”
A interseção entre design e psicologia é bem extensa, mas resolvi trazer alguns tópicos para aguçar seu interesse em saber mais! Ao longo e no final há várias recomendações de materiais para estudar e se aprofundar.
🧠 Modelos mentais
Você tem uma certa expectativa quando procura a setinha de “voltar” no canto superior esquerdo da tela ou quando desliza o dedo na tela do celular para os lados? Se você respondeu sim, isso significa que você tem um modelo mental de como essas interfaces funcionam. Os modelos mentais nos ajudam a não ter que descobrir as coisas do zero toda vez que temos uma nova experiência.
Em poucas palavras: um modelo mental representa o processo de pensamento de uma pessoa sobre como algo funciona. Ou seja, o nosso conhecimento e vivências prévias afetam de maneira significativa como interagimos com novos objetos.
O contexto e as experiências passadas dos usuários são importantes para a facilidade de se encontrar algo e para como eles usam e entendem as coisas. Saber que eles farão uso de modelos mentais existentes é valioso para UX designers, pois isso nos ajuda a ter uma ideia do que os usuários esperam de um certo sistema.
Ponto de atenção: nós não podemos assumir que os modelos mentais dos usuários são iguais aos nossos! As pessoas prestam atenção em coisas diferentes, têm diferentes níveis de conforto e requisitos variados. Como determinar os modelos mentais existentes dos seus usuários e como eles esperam navegar em seu produto? Pesquise e teste com as pessoas.
❤️ Design emocional
Quem assistiu o filme “Divertidamente”? O filme recebeu a consultoria de um dos psicólogos mais importantes e reconhecidos no campo do estudo das emoções, Paul Ekman. Em um dos seus grandes estudos, ele identificou quais seriam as emoções básicas universais, aquelas que compartilhamos com todos os seres humanos, independente da cultura. E assim, ele chegou a seis: alegria, medo, tristeza, aversão, raiva e surpresa.
As emoções são como nós humanos entendemos a realidade ao nosso redor! Segundo Don Norman, design emocional é a preocupação em despertar certas emoções nos usuários finais, por meio do design, com o intuito de estabelecer fortes conexões com os produtos.
Ainda segundo Don Norman, os designers visam atingir os usuários em três níveis cognitivos – visceral, comportamental e reflexivo – para que os usuários desenvolvam associações positivas com seu produto ou serviço. Ele tem um livro sobre isso, mas não sei porque não está sendo vendido atualmente… é esse daqui!
Outro livro que está na minha lista é o “Designing for Emotion” do Aaron Walter. Na verdade estou super animada para ler todos os livros dessa editora “A Book Apart”!
😠 Pessoas não gostam de mudanças
Sempre que lançar um novo design de interface de usuário, você receberá reclamações. Isso não significa necessariamente que o novo design seja pior do que o antigo.
As pessoas não gostam de mudanças por dois motivos – elas exigem esforço para aprender algo novo e as pessoas não sabem o que esperar das mudanças.
Isso tem a ver com o “Viés do status quo", na qual o que já é conhecido parece mais seguro do que realizar novas escolhas. O “Viés da familiaridade” é outra razão pela qual as pessoas não gostam de redesigns, pois tem a ver com preferirmos coisas que já conhecemos ou que nos são familiares ao invés de optarmos por algo novo ou diferente. Mas mais do que não gostar de alguma mudança, pessoas não gostam de um design ruim.
Quer saber como minimizar problemas como esse? Confere esse vídeo do nosso querido Jakob Nielsen:
✍️ Somos seres de hábitos
Nós navegamos quase que de forma "automática” em interfaces que estamos acostumados há muito tempo. De certa forma, a navegação é semelhante a uma rotina, um hábito, e quando o design da interface muda, os hábitos de navegação do usuário também precisam mudar.
Ter de (re)aprender algo aumenta a nossa carga cognitiva, mas isso não significa que mudanças não devam ser feitas, mas sim bem planejadas. Pesquisas mostram que os hábitos são difíceis de mudar e exigem muito esforço consciente para mudar.
O que Instagram, TikTok, WhatsApp e Pinterest têm em comum? Eles criam hábitos em seus usuários. As pessoas usam esses produtos diariamente e eles são tão atraentes que muitos de nós nem imaginamos como era a nossa vida antes deles existirem. Minha indicação nesse sentido é o livro “Hooked” do Nir Eyal, que fala “como construir produtos e serviços formadores de hábitos”.
Não posso deixar de pontuar algo importante: existe uma linha tênue entre um hábito e um vício, ainda mais quando falamos de redes sociais. Meu ponto aqui é sobre projetarmos experiências agradáveis, fáceis de usar e que ajudem as pessoas a atingirem seus objetivos, seja ele pedir uma comida, comprar uma passagem de ônibus ou simplesmente se entreter com um jogo ou um meme.
🃏 Baralho de vieses cognitivos
Ferramentas que nos ajudam no dia a dia? Amo! O Baralho de Vieses do meu querido amigo Richard Jesus é uma dessas ferramentas! Inclusive utilizei bastante como referência para essa edição da newsletter.
Os vieses cognitivos foram descobertos e são constantemente estudados por grandes psicólogos e você pode usá-los para te ajudar a resolver problemas com lentes comportamentais!
Hoje está sendo lançado uma nova versão com 110 vieses cognitivos divididos em 2 decks. Quem já tem a versão com 54 cards assim como eu, pode comprar só a continuação. Vem cá garantir o seu!
📚 Outros materiais de estudo
Psychology for UX: Study Guide da NN Group (em inglês). Um guia de estudos com artigos e vídeos para aprender sobre princípios da psicologia humana e como se relacionam com UX.
Livro “Leis da Psicologia Aplicadas ao UX” do Jon Yablonski. Usando psicologia para projetar produtos e serviços melhores.
Site “Laws of UX” (em inglês). É uma coleção de práticas recomendadas que os designers podem considerar ao criar interfaces de usuário.
Livro “Design com Neurociências” do Alex Soares. Desvendando o comportamento humano para aprimorar seus projetos.
Livro “Enviesados” do Rian Dutra. Psicologia e Vieses Cognitivos no Design para criar produtos e serviços que ajudam usuários a tomarem melhores decisões.
Documentário “Explicando a mente” na Netflix. Já imaginou o que acontece dentro da sua mente? Descubra como o cérebro controla a ansiedade, os sonhos, a memória e muito mais.
💡 Reflexão final
Podemos pegar emprestado princípios, teorias e métodos da psicologia para aprimorar os produtos e serviços que estamos projetando. Mas lembre-se: Com grandes poderes vem grandes responsabilidades. Use-os com ética e responsabilidade!
Para você que ainda não me conhece: prazer, Nina! 👋 Sou mentora de Design na Apple Developer Academy, TEDx speaker, 5x vencedora do Scholarship da Apple e sou apaixonada por compartilhar tudo que me inspira e me empolga na galáxia! 🪐
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Amo unir psicologia com qualquer outro assunto!