NinaNews #009: Testando para descobrir ou para confirmar?
🕵️ Mentalidade de validação vs mentalidade de descoberta contínua
Se uma imagem vale mais que mil palavras, um protótipo vale mais que mil reuniões. -David Kelley, cofundador IDEO
Quando estamos realizando pesquisas durante os estágios de desenvolvimento de um produto, estamos investindo uma quantidade significativa de tempo e esforço em sua construção, desencadeando uma tendência natural de defender nossa criação.
É super importante testarmos uma ideia, até porque isso nos dá um impulso de confiança sobre a direção que estamos seguindo no nosso design. Mas quando estiver querendo validar uma hipótese, se questione: estou testando para confirmar minha hipótese ou realmente estou aberto a novas descobertas?
Inclusive, muitos profissionais de UX são contra a palavra “validar”, pois ela parece implicar que a hipótese já está correta e estabelecida e que a pesquisa está sendo feita apenas como uma atividade necessária para garantir que está tudo ok.
Isso me lembra uma frase que meu coordenador sempre repetia para nós: “Seja apaixonada pelo problema e não pela solução.” É bem fácil cair nessa armadilha…
Outra frase que me marcou durante a minha carreira é: “Se a sua pesquisa com o usuário não encontrou nenhum problema, algo provavelmente está errado com o seu estudo.” É muito comum que, no dia-a-dia de um projeto, não seja viável a implementação de todas as alterações identificadas e sugeridas, mas isso não significa que elas não existam. Nesse caso, discutam sobre os problemas encontrados, classifique a sua gravidade e facilidade de resolução e faça uma triagem do que pode ser resolvido o quanto antes.
Se você quer ser um ótimo UX Designer, além de ser capaz de identificar vieses nos outros, você também deve ser capaz de identificar vieses em seu próprio trabalho. - Fonte: NNGroup
🗣️ Viés de confirmação e triangulação
“De onde vem o viés de confirmação? Ele surge quando você tem uma interpretação, você a adota e então, de cima para baixo, você força tudo para se encaixar nessa interpretação”. - Daniel Kahneman, psicólogo vencedor do Prêmio Nobel e autor do livro “Rápido e Devagar”
Existem mais de 100 vieses cognitivos identificados por psicólogos, muitos dos quais influenciam nossas decisões e os produtos que construímos. Quando falamos de UX research, precisamos estar em alerta em relação aos vieses, pois eles podem distorcer nossas perspectivas. É impossível estarmos 100% livres de vieses, mas termos ciência deles nos ajuda a evitá-los.
O viés da confirmação fala sobre a tendência que nós humanos temos de preferir informações que confirmem nossas crenças existentes e a subestimar as informações que as contradizem. O termo foi introduzido pela primeira vez pelo psicólogo Peter Wason em 1960.
Uma das formas de se evitar vieses é através da triangulação! No processo de pesquisa, é bem comum realizamos a coleta de dados a partir de uma única fonte, como através de pesquisas em profundidade, por exemplo. Na triangulação é utilizado diversas fontes de dados! Dessa forma, as descobertas se baseiam na convergência das evidências originadas de diferentes fontes de informação.
Se você procurar dados para confirmar que está fazendo a coisa certa, você os encontrará. Em vez disso, use os dados como uma ferramenta para levantar novas perguntas e gerar novas ideias. As melhores pesquisas com usuários inicia conversas; e não acaba com elas.
🔄 “Continuous Discovery” da Teresa Torres
Uma única rodada de pesquisa com clientes pode ser suficiente para te ajudar com uma questão em específico, mas quando falamos no desenvolvimento de produtos/serviços e entendimento do mercado, um processo contínuo de descoberta é imprescindível.
Nós precisamos ter uma mudança de “mentalidade de validação” para “mentalidade de descoberta contínua”.
Por isso que eu sou tão fã da Teresa Torres do Product Talk, autora do livro “Continuous Discovery Habits”. O conceito trata-se de fazer o processo de “descoberta” continuamente, abraçando experimentações focadas no resultado gerado, seguindo a visão de produto ou objetivo de negócio em um trabalho colaborativo com foco constante no usuário.
O livro fala muito do desbalanceamento que a maioria das empresas possui! Elas dão mais atenção para o “Delivery” (também conhecido como "entrega" — trabalho para construir e lançar um produto) do que para o ”Discovery” (também conhecido como "descoberta" — o trabalho para decidir o que construir).
Recomendo demais essa entrevista do Lenny com a Teresa Torres! Aliás, todas as entrevistas do Lenny são incríveis! Fica a dica 😉
📚 Indicações de livros
Continuous Discovery Habits da Teresa Torres.
O teste da mãe do Rob Fitzpatrick.
Rápido e devagar do Daniel Kahneman.
Enviesados: Psicologia e Vieses Cognitivos no Design do Rian Dutra.
Como mentir com estatística do Darrel Huff.
Se quiser ver os outros livros da minha lista, só conferir minha lojinha na Amazon.
👩🎓 Comecei um MBA, uhul!
A newsletter de hoje foi inspirada no MBA em UX Research que comecei essa semana e estou super animada! As inscrições estão abertas até 28/04, se alguém tiver interesse em se aprofundar em pesquisa que nem eu! Aqui o link ❤️
Para você que ainda não me conhece: prazer, Nina! 👋 Sou mentora de Design na Apple Developer Academy, TEDx speaker, 5x vencedora do Scholarship da Apple e sou apaixonada por compartilhar tudo que me inspira e me empolga na galáxia! 🪐
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Esse é um aspecto que normalmente passa despercebido. Que ótimo pode ter consciência e trabalhar os nossos vieses. Valeu!